quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ELEMENTOS DA METAFÍSICA

Delineado um programa no capítulo anterior, tratamos neste de o cumprir. Temos de explicitar a metafísica latente da mente humana, e o primeiro passo consiste em estabelecer os seus elementos, que são seis: potência central, forma central, acto central, potência conjugada, forma conjugada e acto conjugado. A tarefa de os distinguir e relacionar será, à luz dos capítulos anteriores, relativamente breve. Mas a prevalência de contraposições fez que parecesse desaconselhável – se não mesmo impossível – enfrentar o problema do método genético, até sermos capazes de empregar os nossos conceitos metafísicos básicos; por isso, este capítulo é extenso e um pouco complexo devido à necessidade de clarificar a noção de desenvolvimento e de delinear a estrutura heurística do método genético, quer em geral, quer aplicada ao organismo, ao psiquismo, à inteligência e à combinação dos três no ser humano.

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A noção de ser

Embora se tenham já estabelecido as principais linhas do processo cognitivo, falta ainda clarificar certas noções fundamentais e difusas. Entre elas encontra-se, antes de mais, a noção de ser. Este é um tópico espinhoso e, por isso, o procedimento mais satisfatório será, porventura, começar por uma definição.

1. Uma definição

Ser é, pois, a meta do puro desejo de conhecer.
Por desejo de conhecer entende-se a orientação dinâmica manifestada em questões para a inteligência e para a reflexão. Não é a expressão verbal das questões. Não é a formulação conceptual das questões. Não é qualquer intelecção ou pensamento. Não é qualquer captação reflexiva ou juízo. É, sim, o impulso prévio e envolvente que arrasta o processo cognitivo desde os sentidos e a imaginação para a compreensão, da compreensão para o juízo, do juízo para o contexto integral de juízos correctos a que chamamos conhecimento. O desejo de conhecer é, pois, simplesmente o espírito inquiridor e crítico do homem. Porque o incita a buscar a compreensão, impede-o de se contentar com o mero fluxo da experiência exterior e interior. Porque exige uma compreensão adequada, enreda o homem no processo auto-correctivo de aprendizagem, em que questões subsequentes suscitam intelecções complementares. Porque impele o homem a reflectir, a buscar o incondicionado, a garantir um assentimento sem restrições apenas ao incondicionado, impede-o de se contentar com boatos e lendas, com hipóteses não verificadas e teorias não testadas. Por fim, porque levanta ainda novas questões para a inteligência e para a reflexão, exclui uma inércia complacente; pois, se as questões permanecerem sem resposta, o homem não pode ser complacente; e se as respostas se demandarem, o homem não permanece inerte.

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Auto-afirmação do cognoscente

É altura de passar da teoria à prática. Analisou-se o juízo. Exploraram-se os seus fundamentos na compreensão reflexiva. A questão imediata é, claramente, se haverá juízos correctos, e a resposta é já o acto de proferir um.
Visto que o nosso estudo se centrou no processo cognitivo, o juízo que, mais bem preparados, faremos é a afirmação-de-si-mesmo de um caso deste processo enquanto cognitivo. Por ´Si mesmo` entende-se uma unidade-identidade-totalidade concreta e inteligível. Por ´afirmação-de-si-mesmo` quer dizer-se que o Si mesmo, ao mesmo tempo, afirma e é afirmado. Por ´afirmação-de-si-mesmo do cognoscente` quer dizer-se que o Si mesmo, enquanto afirmado, é caracterizado por ocorrências tais como sentir, percepcionar, imaginar, inquirir, compreender, formular, reflectir, apreender o incondicionado e afirmar.
  A afirmação a fazer é um juízo de facto. Não de que eu existo necessariamente, mas tão-só de que, de facto, existo. Não de que eu sou necessariamente um cognoscente, mas tão-só de que, de facto, o sou. Não de que um indivíduo que realiza os sobreditos actos realmente conhece, mas tão-só de que eu os realizo, e que por ´conhecer` aludo apenas a tal realização.

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Prefácio – Inteligência. Um ensaio sobre o Conhecimento (no prelo) - Bernard Lonergan (1958)

Na novela policial ideal o leitor dispõe de todas as pistas necessárias e, todavia, não descobre o criminoso. Aperceber-se-á talvez de cada pista, à medida que ela surge. Não precisa de mais indícios para desvendar o mistério. Pode, no entanto, persistir na escuridão, porque a solução não reside na mera apreensão de cada pista, não se restringe à memorização de todas, mas é uma actividade distintiva da inteligência organizadora, que coloca o conjunto das pistas sob uma perspectiva explanatória única. 

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INTRODUÇÃO

O objectivo do presente trabalho pode delimitar-se por uma série de disjunções. Primeiro, a questão não é se o conhecimento existe, mas qual é justamente a sua natureza. Em segundo lugar, embora o conteúdo do conhecimento se não possa descurar, abordar-se-á, todavia, apenas na forma esquemática e incompleta, requerida para fornecer um critério discriminante ou determinante dos actos cognitivos. Em terceiro lugar, o objectivo não visa estabelecer uma lista de propriedades abstractas do conhecimento humano, mas ajudar o leitor a efectuar uma apropriação pessoal da estrutura concreta, dinâmica, imanente e recorrentemente operativa nas suas próprias actividades cognitivas. Em quarto lugar, tal apropriação pode ocorrer apenas de forma gradual e, por isso, não se oferecerá uma apresentação abrupta do todo da estrutura, mas uma reunião morosa dos seus elementos, das suas relações, alternativas e implicações. Em quinto lugar, a ordem da reunião não se orienta por considerações abstractas da prioridade lógica ou metafísica, mas por motivos concretos de eficácia pedagógica.

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Filosofia É Realizações, S. Paulo

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Palestra de Mendo Castro Henriques

Lançamento do livro Bernard Lonergan Uma filosofia para o século XXI  - Clique na imagem para ver o Video