quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A noção de ser

Embora se tenham já estabelecido as principais linhas do processo cognitivo, falta ainda clarificar certas noções fundamentais e difusas. Entre elas encontra-se, antes de mais, a noção de ser. Este é um tópico espinhoso e, por isso, o procedimento mais satisfatório será, porventura, começar por uma definição.

1. Uma definição

Ser é, pois, a meta do puro desejo de conhecer.
Por desejo de conhecer entende-se a orientação dinâmica manifestada em questões para a inteligência e para a reflexão. Não é a expressão verbal das questões. Não é a formulação conceptual das questões. Não é qualquer intelecção ou pensamento. Não é qualquer captação reflexiva ou juízo. É, sim, o impulso prévio e envolvente que arrasta o processo cognitivo desde os sentidos e a imaginação para a compreensão, da compreensão para o juízo, do juízo para o contexto integral de juízos correctos a que chamamos conhecimento. O desejo de conhecer é, pois, simplesmente o espírito inquiridor e crítico do homem. Porque o incita a buscar a compreensão, impede-o de se contentar com o mero fluxo da experiência exterior e interior. Porque exige uma compreensão adequada, enreda o homem no processo auto-correctivo de aprendizagem, em que questões subsequentes suscitam intelecções complementares. Porque impele o homem a reflectir, a buscar o incondicionado, a garantir um assentimento sem restrições apenas ao incondicionado, impede-o de se contentar com boatos e lendas, com hipóteses não verificadas e teorias não testadas. Por fim, porque levanta ainda novas questões para a inteligência e para a reflexão, exclui uma inércia complacente; pois, se as questões permanecerem sem resposta, o homem não pode ser complacente; e se as respostas se demandarem, o homem não permanece inerte.

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